Trairi - 25 de março de 1955. A Instalação do Município
Século XVII
Guerreiro Branco e Jesuítas
Após confronto contra os "invasores" e seus aliados, índios tabajaras, os poucos que restaram
da equipe portuguesa acompanharam o líder potiguara Jacaúna , que em Trairi
chefiava a comunidade conhecida por pitiguara, do Mundaú, passando pelo Rio Pará (Rio Curu, divisa com Paraipaba, antiga Passagem do Tigre), ao Pecém, onde hoje resiste seu tronco anacé. Ali, o jovem “Guerreiro Branco” teria vivido com uma
índia, cujo amor iniciou na serra longínqua. Porém, uma relação ameaçada pelas suas constantes viagens, e consequentes batalhas, por ordem do Governado Geral, Diogo Botelho. Jacaúna, denominado pelos portugueses de "Algodão" ou "Camarão" (Poty, como seu irmão), por sua vez, alguns anos depois acompanhou os missionários durante a implantação de aldeamentos, como Arronches (Porangaba, depois Parangaba) e Paupina (Messejana). Cobra Azul, potiguara, teria ficado no seu lugar, nas imediações de Cana Brava, foz do Rio Trairi, e acompanhado os primeiros jesuítas à Ibiapaba.
Maria Pia: religiosa e historiadora |
A Versão da Historiadora
Administração
São Gonçalo e Trairi tiveram suas administrações subordinadas, por várias ocasiões, a Parasinho (Paracuru), mas na década de
1920 a Itapipoca. Em seguida, Trairi e Paracuru a São Gonçalo.
Tornou-se vila pela primeira vez em
12/11/1863, tendo como intendente o Cel. Antônio Barroso de Souza, nomeado por
D. Pedro II, que passou a morar na sede, vindo do Parasinho, desde então subordinado a Trairi até 1868, quando o mesmo se transferiu para Paracuru, voltando em 1874.
Nesse ano, os três passaram a pertencer à Vila de
Nossa Senhora do Livramento, uma homenagem à instalação da amada paróquia, numa
grande festa, memorável, marcada por uma procissão, à frente o primeiro
vigário, Padre Francisco José da Silva Carvalho, que foi membro da Comissão de Socorros às vítimas da grande seca de 1877-79, ainda na administração do Coronel Barroso.
Praça da Matriz em 1962 |
Disputa entre Coronéis
Era uma briga entre os interessados (coronéis), buscas consideráveis pelo poder, parecia não ter fim. Com vagos acessos à informações, muitos não sabiam a qual vila pertencia. No dia primeiro de outubro de 1890, por exemplo, retornou a Paracuru, e um ano depois a São Gonçalo, que ainda não era “do Amarante”. Em 1920, Paracuru e N. Sra do Livramento passaram para Itapipoca, cujo promotor era o Antônio Ribeiro da Cunha (trairiense, conforme Maria Pia), com passagem por Acaraú. Os Ribeiro da Cunha descendem de abastada família portuguesa que se fixou em Cauípe, na antiga Soure, Caucaia, no início do século XIX. O Sr. Severiano Ribeiro da Cunha tornou-se um próspero comerciante em Fortaleza (firma Ribeiro da Cunha & Irmãos), e como filantrópico, fundador do Asílo da Parangaba, vice-provedor da Santa Casa e, ajudando a Igreja Católica, conseguiu de Dom Pedro II o título de Comendador da Ordem da Rosa, consequentemente Visconde de Cahuype (que se tornou o antigo nome da Av. da Universidade). Por falar em Soure, lembramos que o poeta Antônio Sales nasceu em Parasinho (Paracuru) na época em que pertencia a Trairi, e que sua família também é oriunda de Caucaia, o que nos leva a crer que os Sales de Trairi e Cemoaba têm origens naquele município, vide a coincidência com a época (1830).
Um ano depois retornou para São Gonçalo. Em 30 de julho de 1926, Paracuru
novamente como sede, com São Gonçalo sendo rebaixado a povoado, agora com
o nome de Anacetaba, que recuperou o poder em 7 de agosto de 1935, e novamente os outros subordinados a ela. Aliás, esse
nome esquisito, Anacetaba (Taba dos Anacés), está nos registros de muitos trairienses que nasceram naquela época, como
o advogado e bancário aposentado Raimundo Linhares (Azevedo), do Mundaú.
Primeiro transporte motorizado: Mixtão do Sr. Antônio Galdino (1959) |
Finalmente, mais duas datas históricas: 22 de
novembro de 1951, como sempre na base de Leis, com Trairi e Paracuru tornando-se independentes, desmembrados de Anacetaba, agora como municípios, e São Gonçalo recebendo “do Amarante”, sendo feito
eleições e posses políticas no dia 25 de março de 1955, enfim instalados. 61 anos,
mas para mim são muito mais, centenas, quando da chegada dos índios. Nem Martim
Soares Moreno, que por ali se enfeitiçou, esteja onde estiver, faz ideia do
tempo de encantos humanos por aquela terra.
Trahiry de Antônio Martins, o Libertador.
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Em 1908, em tupi, no Almanaque dos Municípios Trahiry e Mundahú |
Excelente relíquia histórica que merece nosso apreço.
ResponderExcluirQue relíquia grandiosa 👏👏
ResponderExcluirÉ fundamental conhecer nossas raízes !.
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