Antônio Martins Filho - Reitor por Doze Anos. Amante das Letras Sempre.

Antônio Martins Filho, fundador da UFC
 Ele nasceu no Crato, região do Cariri cearense, em 22 de dezembro de 1904, falecendo em 20 de dezembro de 2002. Portanto, uma das maiores expressões das letras nordestinas, Antônio Martins Filho, faria, neste fim de 2015, 111 anos.
 Atrevido, com doze anos estava nas ruas de sua cidade vendendo e entregando o jornal Gazeta do Cariry, no qual colaborava ainda como ajudante técnico, despertando para o jornalismo, influenciado pela avó, amante da leitura.
 Dez anos depois, partiu para a segunda etapa de sua vida, Maranhão, onde iniciou, como caixeiro viajante, o "ganha-pão" que lhe ajudou a fundar a firma “A Cearense”, em Caxias, interior daquele Estado, onde conheceu e se casou com sua digníssima, Maria de Carvalho Martins, professora, influenciadora da fundação do Ginásio Caxiense. Tiveram sete filhos.
  Desiludido com os negócios, partiu para o Estado vizinho, surgindo então  sua terceira etapa de labuta, agora em Teresina, no Piauí, onde levou multidões ao seu Cine Rex e criou o jornal “A Voz do Povo”. Bacharelou-se em Direito, seguindo para Fortaleza.
 Na sua penúltima etapa da vida, a partir de 1937, fundou, a editora Fortaleza LTDA, na qual fez publicar verdadeiras primazias da literatura cearense, como a primeira edição de “Padaria Espiritual”, de Leonardo Mota; e “Ano Litúrgico”, do Monsenhor Quinderé, segundo ele “com a satisfação de ajudar”.
 No ano seguinte, passou a publicar a revista Valor (cuja denominação a Globo copiou para seu jornal econômico), primeiramente mensal, depois trimestral, aumentando o período, de modo que o objetivo fosse alcançado: editada, em evidência. Nela podemos encontrar Mário de Andrade, Clóvis Beviláqua e Antônio Girão Barroso, famoso poeta conterrâneo do Cariri e amigo de Martins.
 Em 1939 adquiriu a Academia de Comércio Padre Champagnat, dos maristas, incrementando o seu trabalho de advogado, com sua banca das mais rentáveis da cidade. Época financeiramente gloriosa, quando chegou a possuir dezoito imóveis. Consultor jurídico da Associação Comercial, preparou mão de obra qualificada para o comércio e indústria locais.

O Reitor e uma de sua últimas fotos
Já em 1943 lecionava no Liceu do Ceará, adentrando à Academia Cearense de Letras, Instituto do Ceará, O Clã (que fundara com Raimundo Girão, com que publicara “O Ceará”, verdadeira enciclopédia sobre o seu Estado), e Rotary Clube de Fortaleza, presidindo-os. Em 1945 possuía o título de Doutor do Curso de Direito. Três anos depois iniciava a última etapa de vida.
 Após debates em “O Cruzeiro” com Gilberto Freyre, estava aberta a campanha pelas criações das Universidades do Ceará e do Recife. Com o governador Faustino de Albuquerque, fincou as bases da Universidade Federal do Ceará, cuja criação se deu em 1954. No Theatro José de Alencar, enfim, no dia 25 de junho de 1955, a UFC foi instalada, sendo Antônio Martins Filho o seu primeiro Reitor, por doze anos seguidos, mantendo-se Emérito até o fim da vida, com seu gabinete no prédio no Benfica, que adquiriu da família Gentil. Naquele ano, a Universidade passou a administrar a Casa José de Alencar, ao mesmo tempo em que foi membro do Conselho Nacional de Educação por doze anos.
 Certa vez, durante as reuniões do Conselho, foi convidado pelo jornalista Roberto Marinho para almoço, contando-lhe sobre um novo projeto cultural, a Coleção Alagadiço Novo (então bairro onde se localiza a Casa de José de Alencar, na Grande Messejana, em Fortaleza). Conseguiu do empresário duzentas resmas e duas toneladas de chumbo com o objetivo inicial de lançar dez livros. Fez o planejamento com o Conselho Universitário da UFC, utilizando as oficinas gráficas da Universidade nos períodos ociosos, obtendo recursos financeiros com amigos alemães. Daí saíram, dentre outros livros, “Algumas Poesias”, primeiro livro de Antônio Girão Barroso (1938). Em 1998 havia 41 publicações, a maioria de principiantes, já que Martins Filho gostava de ajudar jovens talentos, ainda que sem fins lucrativos (quinze dias para se publicar uma obra pequena). “Livro ruim é o livro sem receptividade e mal escrito”; “Não gosto de muito modernismo na poesia”, dizia o Reitor, para quem a Universidade tinha como objetivo conquistar o poder do saber.
 Antônio Martins Filho foi um dos fundadores da Universidade Estadual do Ceará (UECE, 1974) e da Universidade Regional do Cariri (URCA, 1987). Também professor da então Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da UFC, tendo como lema diante da obstinação: “O trabalho honesto tudo vence”. Faleceu faltando dois dias para completar 98 anos.

 Fontes e fotos: Jornal O Povo, 26/12/1998, e Wikipedia.






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