Antônio Gondim - "Ceará Perde um Grande Artista" - Jornal O Povo, 18/11/1982
Durante a missa,
rezada pelos padres Joatan Carvalho, professor do Instituto de Educação do
Ceará, e Gerardo Aguiar, falou em nome da escola o professor Vilco Gondim,
enquanto regentes e membros dos corais do Estado, Escola Técnica Federal,
Madrigal de Fortaleza e alunos do Instituto cantaram o “Salmo 122 – Confiança
em Deus”, “Salmo 129 – Oficial dos Mortos”, além do Hino de Fortaleza, cuja
música é sua, Hino do Instituto de Educação e o “Coral de Bach – Em Deus está a
Minha Ventura”.
Também participou da
missa, a banda da Polícia Militar que, regida pelo maestro Antônio Ferreira
(membro da Academia Cearense de Música Alberto Nepomuceno), prestou uma
homenagem a Gondim, executando, durante o ofertório, a marcha fúnebre e “Nas
palmas da Carnaúba”, de Antônio Gondim. O cortejo saiu às 13:30h em direção ao
Cemitério São João Batista, onde o corpo foi sepultado.
Vida dedicada à Música
Natural de Fortaleza, desde a infância revelou
seu gosto pela música e, apesar de ter se licenciado em Letras Neolatinas na
Faculdade de Filosofia de Fortaleza, foi a arte musical que dedicou, por mais
de dez anos, todos os seus estudos. Possuía relíquias a partir do ano de 1700
no seu acervo de Música de Câmara.
Filiado à União
Cearense de Compositores e à União Brasileira de Compositores, presidente da
Academia de Música Alberto Nepomuceno e detentor da Comenda Carlos Gomes,
concedida pela Sociedade Brasileira de Arte, Cultura e Ensaio de Campinas SP, é
autor do orfeão “Eunice Weaver” (Maranguape CE), do Hino da Normalista
Cearense, do Hino de Fortaleza (letra de Gustavo Barroso), e das músicas “Nas
Palmas das Carnaúbas” e “Iparana”, tema do filme internacional “Tumulto de
Paixões”, de 1955; e da marcha “Passa um Baião”.
No campo literário,
fez uma crônica dedicada a seu pai, já falecido, alguns contos e poemas
publicados em jornais locais. Atualmente compilava dados para o livro “Panorama
da Música Cearense”. Afora estas atividades, criou diversos corais, entre eles
o “Elvira Pinho”, do Instituto de Educação do Ceará, coordenando os “Encontros
de Corais de Fortaleza”, além de ter fundado o Centro de Estudos Professor
Antônio Gondim, dedicado a ensinar artes em geral.
A professora Dalva
Stela Nogueira Freire, regente do Coral do Estado, afirmou que a morte de
Gondim provocou uma lacuna impreenchível, por ser uma pessoa dinâmica e
idealista: “Nós, membros da Ordem dos Músicos, as ACEMAN e coralistas,
esperamos continuar na Academia Cearense de Música este sonho que ele tornou
realidade”.
Gilberto Oliveira,
presidente do Conselho Regional da ordem dos Músicos do Brasil, e secretário
geral da entidade, ressaltou que “o Ceará perdeu um grande idealizador e
concretizador de seus ideais. Nós, amigos, estamos tristes com seu
desaparecimento. A Ordem dos Músicos do Brasil, seção Ceará, está de luto
porque perdeu um dos seus conselheiros fundadores".
A diretora do
Instituto de Educação do Ceará, professora Eldair Barros de Oliveira, informou
que irá pedir às autoridades locais que seja denominada Antônio Gondim e
colocado um busto do mesmo na praça em frente ao instituto, na Avenida dos
Expedicionários, como também solicitará ao secretário de educação que lhe seja
prestada uma homenagem, dando seu nome a uma escola.
Jornal O Povo, 18 de novembro de
1982
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