JK, 60 Anos de Brasil. 01 de fevereiro 1956 - Jornal O Globo
Juscelino
assume a Presidência prometendo fazer 50 anos em 5
A vida política brasileira vinha de uma série de tumultos, como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e o ataque de coração que impediu Café Filho de completar o mandato, quando Juscelino Kubitschek de Oliveira, de 53 anos, venceu as eleições de 3 de outubro de 1955. A aliança PSD-PTB e o apoio dos comunistas deram a Juscelino mais de um terço dos votos, vitória desafiada por rumores de golpismo e manchetes virulentas na imprensa conservadora.
Era um mineiro simpático de sorriso largo, médico de formação e
democrata por convicção. Assim que tomou posse no Palácio do Catete - cercado
por uma multidão que fora ver o novo presidente, como noticiou O GLOBO -, em 1º
de fevereiro de 1956, suspendeu o estado de sítio e a censura e deu início a
uma era de euforia desenvolvimentista inédita no Brasil, estampada em seu Plano
de Metas, sintetizado no slogan "50 anos em 5". Seu antecessor, Getulio
Vargas, havia tomado posse em 31 de janeiro de 1951.
Brasília inaugurada em plenas obras |
Dividido em cinco áreas, o plano deu certo em três: energia, transporte
e indústria de base. Os investimentos em educação e agricultura foram
insuficientes. Às trinta metas originais somou-se mais uma: a construção de
Brasília. A nova capital surgiu no tempo recorde de três anos e dez meses e foi
inaugurada em 21 de abril de 1960. Junto com ela foi construído um
"cruzeiro de estradas" ligando a capital a todas as regiões do país -
rotas que seriam usadas pelos milhares de automóveis fabricados aqui.
Com a aposta no transporte rodoviário na Era JK, em detrimento das
ferrovias, aliada à chegada de montadoras estrangeiras ao país, a produção de
veículos deu um salto espetacular na virada dos anos 50 para os 60. Segundo
dados da Anfavea, a associação que reúne as empresas do setor, de 1957 a 1960,
a produção total quadruplicou: passou de 30 mil para 133 mil veículos por ano,
incluindo caminhões, ônibus e os chamados "comerciais leves". No caso
apenas dos automóveis, a produção no Brasil saiu de apenas 1.166 unidades para
42.619 em 1960.
O surto de crescimento foi sustentado também pelo capital estrangeiro.
Vieram inflação e aumento da dívida externa. Depois de passar a presidência a
Jânio Quadros, JK elegeu-se senador por Goiás, em 1962, mas teve o mandato
cassado pelos militares em 1964. Exilado, voltou ao Brasil nos anos 70, mas
morreu em 1976 num acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, sobre o qual
circularam rumores, nunca confirmados, de que teria sido provocado.
Meu pai foi um candango. Pisou e trabalhou no chão vermelho de Brasília |
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