Jardim Japonês - A Saga do Fujita
Do Japão para a América do Sul
Francisco Guilherme em 1978 |
Rompeu
a Primeira Guerra Mundial (1914), repercutindo negativamente na economia. Seu
estabelecimento já não dava lucro, de modo que resolveu se aventurar para a
Bolívia. Com a minguada poupança, e com os dilemas da época, abriu um hotel com
três sócios no país vizinho. Mesmo assim enviava dinheiro para a mãe e os irmãos a
fim de amortizar a penhora. Mas a Bolívia também enfrentou grave crise em todos
os setores. O país se empobrecia, com o mercado de trabalho em declínio para
seu povo quanto mais para os estrangeiros. Jusaku não teve outra escolha.
Partiu para o Brasil, aclamado como o “País do Futuro”.
Rumo ao Brasil
Vivenciou
o apogeu da borracha, ganhou dinheiro às custas de muito trabalho na Amazônia, morando
em Manaus por quatro anos, quitando a penhora no Japão. Mais estabilizado
financeiramente, partiu para Fortaleza em 1922 com o nome nacionalizado,
Francisco Guilherme.
Ao
desembarcar na Praia de Iracema pensou: “Viverei nesta terra e desta terra”.
Empregou-se no sítio do Sr. Otávio Frota, em Maraponga, dedicando-se às
hortaliças. Adaptado à cultura cearense, fez boas amizades e até namorou. Assim, na na residência do Sr. Firmino Mourão, tio da noiva, casou-se, em 16 de fevereiro de 1926, com Cosma
Moreira (D. Neném). O casal morou no sítio citado, onde nasceram os filhos Edmar e
Luzimar. Porem, Fujita já trabalhava particularmente, num terreno arrendado na
Rua Sena Madureira, onde foi morar com dona Neném num sobrado. Começara ali seus rendimentos com a floricultura.
Jardim Japonês
Após nove anos, adquiriu a sua sorte no Otávio Bonfim. Terras nas quais montou o Jardim Japonês, passando a residir do outro lado da futura Av. Bezerra de Menezes, na Rua Cariré.. O negócio prosperou, a freguesia e as amizades aumentavam até que chegou a Segunda Guerra Mundial. O Japão tomou partido pelo fascismo italiano e pelo nazismo alemão. No que pese a neutralidade dos Fujita, Fortaleza experimentou um momento de vandalismo, com o “quebra-quebra” de 1942. O dia 22 de agosto daquele ano foi o pior da família. O Jardim foi saqueado, assim como incendiados comércios cujos proprietários tinham origem alemã ou italiana. Com sete filhos e Dona Neném grávida, levaram não apenas os pertences da família como o enxoval do bebê. Apesar da repulsa da época, Jusaku, ou Francisco Guilherme Fujita, superou o trauma e retornou para casa após doze dias, refazendo as tarefas, de modo que o Jardim Japonês renasceu.
Fujita no Jardim Japonês. Foto: O Povo, 1966 |
Dos catorze filhos, oito faleceram. Educou os mesmos pensando no futuro: Edmar (médico, casado com a Dra. Marfisa Neves, médica); Francisco (dentista); Lucimar (dentista, casada com o Sr. Dalton Gomes, administrador de empresas); João Batista (engenheiro, empresário, casado com a Sra. Rejane Carvalho); Maria José (professora, casada com o Sr. João Albuquerque, servidor da Reitoria da Universidade do Ceará), além de Nisabro Fujita (engenheiro e empresário).
D. Neném Fujita. Foto: O Povo, 1966 |
Fontes:
Jornal O Povo, 1966. Por Ernesto Renan.
Correio
do Ceará, 1978.
Kinchio, Japão. Casa onde nasceu Jusaku |
Localização
O
Jardim Japonês ficava na antiga Rua Juvenal Galeno, atual Av. Bezerra de
Menezes. O terreno foi vendido para o Grupo Supermercados Sino S.A., logo
revendido. Atualmente, no local, uma loja de atacarejo.
Casamento da filha Maria José (Álbum de família) |
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