João de Oliveira Rola - Cearense na Conquista do Acre
Coronel João Rola. (Folha do Acre, 1912) |
Engatinhando com a Família
João de Oliveira Rola, nascido em 24 de março
de 1870, na insuficiência de recursos em sua vila, partiu para Fortaleza ainda
adolescente, onde estudou e aprendeu os ofícios da vida. Neto de um dos
fundadores de Trairi, Francisco Xavier de Souza, que morava na Rua de Baixo
(Fortunato Barroso), juntamente com os irmãos mais velhos, Francisco (Chico) e José, trabalhou
no comércio, e mais tarde na venda de garapa de cana de açúcar que a família
montou no entorno da Praça do Ferreira, por volta de 1896. E com o lucro da mesma, após
casar-se, tratou de se aventurar no norte do País - ao lado do seu irmão Antônio Tomé, de onde fervilhavam notícias
de riquezas através da seringa, enquanto os irmãos tocavam o Maison Art - Nouveau (café e jogos) e fundando mais tarde o famoso cinema (mudo), Polytheama, na Praça do Ferreira, N° 13, local do atual Cineteatro São Luiz.
Pesou o
fato de seu sogro, Antônio Souza Braga, de Imperatriz, hoje Itapipoca, possuir
seringais no Acre. Entretanto, o jovem iniciou a jornada em Belém PA, ao lado da
consorte, Jocunda, na loja do ramo de borracha Miranda & Cia até 1901. Com
a experiência, partiu para o oeste a fim de gerenciar as firmas do sogro em
terras bolivianas, primeiramente a Souza Braga & Cia. Na comunidade, seus conterrâneos Frederico Andrade (famoso médico e latifundiário de Uruburetama) e João Martins, de S. Luís do Curu. Com seu cunhado,
Pedro, trabalhou na firma P. Braga & Cia, no seringal Bemfica, herdando os
bens e todos ativos e passivos após a morte do outro. Foi quando associou-se a
José Maria Dias Pereira e com ele fundou a Dias & Rola, em Riosinho, até
1911, quanto comprou a parte do colega, denominando-se, a partir de então, J.
Rola & Cia.
Praça José de Alencar. Cearenses "Soldados da Amazônia" (Aba Film - Acervo Lucas) |
A Revolução Acreana
Joca Rola aos 78 anos |
Tendo em vista as
manifestações nacionalistas do outro País, que comemorava a independência, alegando
temeridade as cobranças comerciais, fechou-se questão pela liderança do gaúcho,
fazendeiro, parceiro dos negócios dos Braga, Plácido de Castro, comandante de
um pelotão que tomou de assalto a base militar boliviana em Xapuri, naquele ano
festivo de 1902. Anunciou uma “revolução” e prendeu autoridades locais,
partindo em glória, sentindo-se vitorioso, para o seringal “Empreza”, a qual mais
tarde viria a ser a capital acreana, Rio Branco. Porém, houve a ofensiva
inimiga, no que pese a floresta e os problemas de infraestrutura. A Bolívia
partiu atrás da devolução do seu território, fazendo com que Castro
arregimentasse mais batalhões. Durante o conflito armado, João Rola cedeu
Bemfica como hospital dos brasileiros em combate, sendo o mesmo o diretor. Assim,
com o apoio dos donos de seringais, e do contingente militar nordestino, tomou
Puerto del Alonzo, que passou a chamar-se Porto Acre.
Sem poder bélico e
carente de dinheiro, a Bolívia tentou vender as terras aos Estados Unidos,
entrando, então, a figura do Barão do Rio Branco. Conforme João Rola, a
grandiosidade do brasileiro, de fino trato diplomático, foi decisiva para que o
Brasil, através do Tratado de Petrópolis, adquirisse o território, que hoje é
o Acre, por sinal governado, mais uma vez, por filho de cearense.
Primeiro Intendente de Rio Branco
Aos 90 anos, Joca Rola em Trairi (Correio do Ceará) |
Deu-se, então a prosperidade econômica, social e política de
João Rola, em Bemfica e Riosinho. Casado, em segunda núpcia, em 1910, com a
Sra. Maria da Cunha Rola, estendeu as suas mercadorias, derivadas da borracha, além
de milho e arroz, em todos os portos do norte. Ele com a “patente” de coronel
da Guarda Nacional, e vice - presidente do Partido Construtor, aliado do
presidente Hermes da Fonseca, gaúcho como Plácido de Castro, herói estadual, cujo
nome é um dos municípios daquele estado. Mais tarde, em 15 de novembro de 1913,
bem antes de o Acre tornar-se Território Nacional (1921), foi indicado o
primeiro administrador de Rio Branco. Ou melhor, de fato o primeiro prefeito da
capital acreana, cujo nome obviamente homenageia José Maria da Silva Paranhos
Junior, o Barão do Rio Branco. Coronel João de Oliveira Rola, cearense de Trairi, onde era conhecido por Joca Rola, faz parte, portanto, da história daquele Estado.
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