Arraial Moura Brasil . Por Suzana de Alencar Guimarães. O Povo, 1929
O Arraial Moura Brasil - Do outro lado da vida. O Povo, 7 de janeiro de 1929. Por Suzana de Alencar Guimarães. Quem segue beirando o mar vai encontrar para os lados do Gasômetro, muito além do Passeio Público, um recanto desconhecido de quase toda Fortaleza. Do alto dos morros do Croatá e do moinho, debruçando-se sobre a monotonia de um mar muito verde e muito triste, rolando pelos altos e baixos da areia suja, até chegar à orla das ondas, estende-se a mancha escura dos casebres do Arraial Moura Brasil. De longe ele nos apresenta tal como uma paisagem de postal, um recanto de poesia, de doce e voluntária renúncia á civilização. De perto, é um flagrante de miséria, de pobreza, de infelicidade. Quantas vezes, olhando-o da minha janela, não deixei que os olhos se perdessem no labirinto dos casebres circundados de coqueiros, entrelaçados de arbustos no grande desejo de auscultar o coração da miséria que ali sofre, que ali sonha. Até que nos últimos dias de novembro recebi