Postagens

Arminda Barroso. Falecimento da heroína cearense das FEB na II Guerra Mundial

Imagem
  Arminda Celia Barroso - Falecimento (14/05/1990)   Jornal O Povo, 16 de maio de 1990. Arminda Barroso Acometida de embolia pulmonar, falecer às 13 horas de anteontem, em um dos leitos do Hospital militar de Fortaleza, a Primeira Tenente do Exército Arminda Célia Barroso, uma das 67 enfermeiras que, em 1944/45 integraram a Força Expedicionária Brasileira (FEB) e que atuaram nos campos de batalha do solo italiano no atendimento aos combatentes mutilados, nos hospitais instalados nas imediações da linha de frente.  No exercício de sua profissão, Arminda Célia Barroso cuidava com carinho e dedicação dos pracinhas que chegavam, por exemplo, com a cabeça dilacerada, pulmões perfurados, intestinos expostos, pés, pernas e braços arrancados, em estado  de desespero. Atendendo a todos, brasileiros e estrangeiros (inclusive inimigos, prisioneiros enfermos), tornou-se membro Nacional dos Expedicionários. Era solteira, filha de Liberato Barroso e de Raimunda Pinto Barroso, natural da cida

Arraial Moura Brasil . Por Suzana de Alencar Guimarães. O Povo, 1929

Imagem
  O Arraial Moura Brasil - Do outro lado da vida.  O Povo, 7 de janeiro de 1929.  Por Suzana de Alencar Guimarães. Quem segue beirando o mar vai encontrar para os lados do Gasômetro, muito além do Passeio Público, um recanto desconhecido de quase toda Fortaleza. Do alto dos morros do Croatá e do moinho, debruçando-se sobre a monotonia de um mar muito verde e muito triste, rolando pelos altos e baixos da areia suja, até chegar à orla das ondas, estende-se a mancha escura dos casebres do Arraial Moura Brasil. De longe ele nos apresenta tal como uma paisagem de postal, um recanto de poesia, de doce e voluntária renúncia á civilização. De perto, é um flagrante de miséria, de pobreza, de infelicidade. Quantas vezes, olhando-o da minha janela, não deixei   que os olhos se perdessem no labirinto dos casebres circundados de coqueiros, entrelaçados de arbustos no grande desejo de auscultar o coração da miséria que ali sofre, que ali sonha. Até que nos últimos dias de novembro recebi

José Levi - Voz do Povão na Praça do Ferreira

Imagem
Zé Levi em 1945 Correio do Ceará   A bucólica Fortaleza chegava ao século XX voltada para os jornais, diante dos  movimentos político-sociais que transformavam o país, a Europa e os Estados Unidos. A leitura era o centro das atenções da Praça do Ferreira. Em seguida, os debates acalorados dos seus frequentadores, ou seja, o termômetro político da capital cearense. Por conseguinte, o chefe político era centro das discussões. E nessas rodas não se encontravam apenas os intelectuais, os donos das vagas nos melhores acentos da praça. Populares também tomavam partido e davam opiniões, embora com ressalvas, pois eram os melhores alvos da polícia. Havia um desses cativos, cearense raiz, baixo, deficiente de lardose, com o tórax deformado, cabelos grandes, bom de prosa, que não se intimidava e abria o verbo.   “Trajava casimira e o seu jaquetão enfeitava-se com uma infalível rosa na lapela. Grossa corrente de ouro ligada ao cinto sustentava o relógio, colocado no bolsinho da frente da ca

Jardim Japonês - A Saga do Fujita

Imagem
  Do Japão para a América do Sul   Francisco Guilherme em 1978 Kinchio, estado de Kumomoto, Japão. Ali vivia a família Fujita. Problemas financeiros, com sua terra hipotecada e a perda do gestor em 1908, levaram a família a um dilema: continuar ou deixar o país. O fato é que os filhos decidiram não se casar até que o penhor do terreno fosse pago. Só então, em 1912, Jusaku , o mais velho dos quatro irmãos, nascido em 30 de agosto de 1890, partiu para o Peru, fixando-se em Tinta Alta, onde trabalhou em vários setores até montar um restaurante com o pouco de dinheiro que guardara, no que pese as dificuldades com o idioma e com o clima andino, que prejudicava a sua saúde. Rompeu a Primeira Guerra Mundial (1914), repercutindo negativamente na economia. Seu estabelecimento já não dava lucro, de modo que resolveu se aventurar para a Bolívia. Com a minguada poupança, e com os dilemas da época, abriu um hotel com três sócios no país vizinho. Mesmo assim enviava dinheiro para a mãe e os ir

OS GRANDES FEITOS DA ABOLIÇÃO NO CEARÁ - ENTREVISTA COM O ABOLICIONISTA ISAAC AMARAL

Imagem
  OS GRANDES FEITOS DA ABOLIÇÃO, NO CEARÁ  O Nordeste 09 a 20 de janeiro de 1933 (Cinquentenário da Libertação dos Escravos) Prodomos do movimento libertador - Dissidência - Os da LIBERTADORA que restam - Como se originou a famosa Sociedade - O fechamento do porto, Dragão do mar e a greve. O Ceará está na fase histórica da comemoração da abolição dos escravos   em seu território, fato que lhe granjeou eterna glória por ter antecedido cinco anos a Lei Áurea. Quando a augusta Princesa D. Isabel assinou a Lei em 13 de maio, já a Província do Ceará estava livre! Acarape, o primeiro município redentor do Império, celebrou no dia primeiro (de janeiro de 1883) a festa cinquentenária da abolição, e São Francisco da Uruburetama (Itapagé), o segundo município, fará no dia dois próximo. É, portanto, um período histórico de excepcional relevo o que se recorda. E, como a história da abolição ainda não foi escrita, não deixa de despertar justo interesse a palavra autorizada de quem, àquele